sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Exploração de Minério aumenta emprego no sudoeste


Derrotados pela vassoura-de-bruxa, praga que dizimou a cultura do cacau, os municípios de Itajibá e Ipiaú, a 353 km de Salvador, assistem brotar do mesmo solo fértil toneladas de minério de níquel, riqueza que marca a redenção regional.


De acordo com dados industriais, 67% do níquel consumido no mundo é utilizado na produção de aço inox e ligas. Entre outros, os produtos finais vão de panelas a até instrumentos cirúrgicos.

Instalado em setembro de 2007, o Projeto Santa Rita – pólo de exploração da Mirabela Mineração, subsidiária da australiana Mirabela Nickel – detém a maior jazida de níquel sulfetado do País. Apesar de todo o beneficiamento estar concentrado em Itajibá, o vizinho município de Ipiaú também se beneficia.

A fase operacional está prevista para começar entre janeiro e abril de 2009, com previsão de extração anual de 160 mil toneladas de concentrado, com 13% de teor de níquel. O bom momento econômico. Só em royalties, a CBPM, estatal responsável por identificar e repassar à iniciativa privada o direito ao aproveitamento econômico das jazidas descobertas, arrecadará cerca de R$ 8 milhões mensais, dos quais o município de Itajibá arrecadará 65% e o Estado, 23%.

O projeto representa investimento total R$ 700 milhões, dos quais mais de R$ 100 milhões já aplicados até o momento. Somente na fase de implantação o projeto criou três mil empregos diretos e seis mil indiretos e quando começar a etapa operacional.

O empresário Eduardo Pereira Alves, dono de pousada e supermercado, comemora a oferta de emprego e geração de renda em Ipiaú. O acréscimo de 50% nas vendas e o intenso vaivém no supermercado justifica a ampliação no quadro funcional, que dobrou nos últimos meses. “Tenho 40 funcionários atualmente e já estou prevendo a abertura de mais vagas”, revela.

SURPRESA – Se depender da vida útil da mina, tão cedo esse movimento cessará. As jazidas de Itajibá – cuja área de concessão para a exploração do metal alcança cerca de mil hectares – devem durar pelo menos 20 anos, já que os estudos e sondagens para mensurar a capacidade de produção permanecem em andamento conforme estudos da Mirabela.

A qualificação da mão-de-obra se dá por meio de treinamentos em parcerias com o Serviço Nacional da Indústria (Senai) com foco em diversas funções, dentre elas cursos para operadores de equipamentos de mineração, cursos para mecânicos e eletricistas de equipamentos de mineração e cursos para equipes de manutenção de plantas elétrica e mecânica. “A mão-de-obra regional é de valor. Entre as surpresas, destaco a mão-de-obra feminina, principalmente na área de topografia”, assinalou o diretor de implantação da empresa no Brasil, Raphael Bloise.

A companhia trabalha na área desde 2004 e após três anos de sondagens e estudos geotécnicos e de topografia, os técnicos detectaram que as reservas do mineral, anteriormente estimadas em 47 milhões de toneladas, estavam subestimadas. São de pelo menos 74 milhões de toneladas.

O valor do níquel no mercado internacional oscila em torno de US$ 28 mil, a tonelada. “O mundo está precisando do minério”, sintetizou o diretor.

A poucos meses da entrada em operação, a Mirabela mostrou a que veio. Instalou maquinário, asfaltou 4,5 quilômetros de estrada de acesso e construiu uma ponte de 200 metros sobre o Rio de Contas ligando o projeto à BR-330.

A obra evitará que os caminhões carregados de minério circulem pela área urbana do município e também facilitará o escoamento da produção, cuja exportação será feita pelo Porto de Ilhéus, a 150 quilômetros de Itajibá.

Ao lado da mina foi construído um açude para captação de água necessária na extração do níquel. “Isso fará com que a água do Rio de Contas seja utilizada apenas para ‘fins nobres’, como o consumo humano”, declarou.

A sondagem exploratória foi iniciada em setembro de 2004. Só após 77 furos de sondagens é que os técnicos fizeram o primeiro cálculo de reserva. A partir daí percebeu-se a existência de um depósito mineral. Em abril de 2005, foi iniciado o estudo de viabilidade econômica preliminar.

A direção da empresa informou, por meio da assessoria de comunicação, que existe um plano de recuperação e fechamento da mina após o processamento do minério. “Essas áreas que serão recuperadas estão passando por estudos que visam atingir uma condição de equilíbrio ambiental e que possibilite o uso futuro em outras atividades”, destaca a nota. “As atividades de recuperação e reaproveitamento são iniciadas a partir da fase de implantação do projeto. O solo fértil está sendo estocado para ser reutilizado nas áreas que serão revegetadas”, finaliza.

Fonte: A Tarde

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